domingo, 15 de maio de 2011

‘A gente não faz amigos, reconhece-os’ (Vinicius de Moraes) Ronda - 2011

Atletas apelidados de ‘campeones’ ao cortarem a meta na cidade espanhola de Ronda

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Numa prova que poderá demorar 24  horas, com uma distância a percorrer de 101 km, a empatia reinante num grupo terá de ser primordial. Vestidos a rigor com as cores do Clube, tudo aconteceu nessas inolvidáveis 16 horas e 38 minutos que estivemos juntos: ficámos zangados, ficámos alegres, ficámos preocupados e ficámos extremamente contentes, quando, cerca das 03h30m da manhã, acabámos de subir os últimos 3 km e entrámos na cidade de Ronda. Foi qualquer coisa de indescritível o que se sentiu naquele momento.
A prova começou irrepreensivelmente às 11h00, não fosse a organização militar. Caíam uns leves aguaceiros, que eram abençoados por todos. Sabíamos e imaginávamos a dureza da prova e, com calor, seria martirizante. Os primeiros 30 km foram bons, sempre a rolar e a confraternizar. Eis que surge o primeiro ‘empeno’. Foram 5 km a subir. Aí os semblantes alteraram-se e a montanha começar a mostrar quem marcava o ritmo. Após a primeira subida, entrou-se num ‘estradão’ que deu para recuperar. Fomos durante 5 km a rolar e o nível de estabilidade normalizou.
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Poderia continuar a enumerar várias situações, porque seria fácil dadas as vicissitudes por que todos passámos ao longo destes quilómetros. Quero realçar somente a entrada no aquartelamento por volta das 22h30m, onde nos foi servida uma refeição quente e o sabermos que dos 78 km já completados, nos ficava somente 26 km por percorrer, o que nos deu um alento suplementar. Apetrechámo-nos com camisolas quentes, luvas, gorros e frontais para a madrugada que iríamos ter, e demos corda às sapatilhas, com o pensamento interior: ‘o pior estava feito!’.
Percorremos os últimos 20 km sempre a andar, mas em bom ritmo, apanhámos alguns trilhos com lama, que só notávamos quando sentíamos escorregar. A partir de certa altura, começámos a avistar Ronda ao longe, a partir daí as dores e a fadiga começaram a desvanecer-se e só o desejo de chegar ultrapassava qualquer sentimento.
A chegada à meta foi quase épica, com alguns resistentes a aplaudirem-nos e a gritar connosco: ‘campeones’. Não consigo descrever o que se sente nesta altura e só de o estar a relatar, sinto arrepios.
Depois de uma boa refeição, foi hora de ir à massagem e de cada um seguir para um merecido duche e descanso, sem antes rejubilarmos com o nosso troféu e tirar as fotos da praxe.
Quero salientar o nosso colega Ricardo Bastos, com quem nos cruzámos diversas vezes, e a transmissão do seu sentimento de ter pena de não estar na nossa equipa. Vimo-lo na parte final, vestido como nós e a fazer jus à bandeira que abraçámos. Saliento também o apoio do Pedro Neves, que foi inexcedível na logística de toda a prova, estando em todos os pontos possíveis. Para mim, e deve ser extensível a todos, foi um dos momentos altos da minha vida que nunca mais irei esquecer, assim como todos os que me acompanharam nesta odisseia. Foi um privilégio lá estar.
- Participantes: em equipa - Óscar Marques, Hugo Luz, Paulo Rato, Manuel Pereira e Fernando Alcides; individual - Rui Ramalho.
Ronda
Fotos Pedro Neves
Fotos Fernando Alcides

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