domingo, 1 de junho de 2014

Ultra-Trail do Monte da Lua - Sintra - 2013

Realizou-se no dia 13 de Julho de 2013, o Ultra-Trail do Monte da Lua. Prova organizada pela Horizontes (Oh Meu Deus) entre a Praia Grande/Sintra/Praia Grande na distância de cerca de 52kms, denominada K50.
A par do Ultra-Trail, realizou-se também um Trail na distância de cerca de 25kms, esta com a designação de K25.
Irei relatar a prova que realizei, o K50.
Não estava inscrito. Por ser uma prova realizada na zona onde costumamos treinar, Sintra e arredores, não senti especial necessidade de me inscrever, para fazer a prova. Só que, a 2 semanas da realização da dita prova, o Manuel Pereira, que estava inscrito, não se lembrando de uma data comemorativa especial e de grande importância, disse-me que não poderia participar. Fiquei com o dorsal “debaixo de olho” e disse-lhe para não o disponibilizar que era provável que realiza-se a prova. Não dei a minha garantia a 100%, mas a “coisa” ficou mais ou menos apalavrada. Na semana da prova, as informações da organização que lhe fizeram chegar, ele, rapidamente, as fez chegar a mim. Não há como recusar. Tenho mesmo que lá ir fazer o K50!!!.
Contactada a organização para troca de nome e n.º de B.I., formalidades necessárias para que não haja qualquer problema em caso de acidente e eis que de repente estou inscrito no K50!!.
Nesta prova e em representação do Clube Millenniumbcp, para além da minha pessoa (Jorge Lanzinha) participaram o Hélder Baptista, o António Rui Veloso e Eduardo Rodrigues. Tivemos também como companhia, um camarada destas “andanças”, que não fazendo parte do Clube Millenniumbcp, tem efectuado, quer treinos, quer provas, connosco. De seu nome João Figueiredo.
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Bom, mas vamos ao relato.
Sábado 4.35h. da manhã alvorada. Nem queria acreditar!!!, isto porque a partida da prova, estava programada para as 7h. e ainda tinha que ir ter com o Eduardo Rodrigues e apanhar o resto dos atletas pelo caminho. As coisas ficaram todas arrumadas de véspera (comida e roupa), foi só mesmo meter-me no automóvel e ir ter com o Eduardo Rodrigues, com que estava combinado, encontrar-me por volta das 5h. na casa dele. Fomos de seguida apanhar o João Figueiredo a Linda-a-Velha, o Hélder ao viaduto de Massamá no IC19 e o Rui Veloso e bocado mais à frente. Saída para a praia Grande, via Sintra, onde chegamos por volta das 6.20h. Pelo caminho fui tomando o peq. almoço. Chegados à praia Grande, ainda houve tempo para tomar um café, antes do Briefing realizado pelo responsável da prova.
Partida dada na areia da praia às 7.05h e lá saímos em direcção a Norte pelas arribas até à praia das Maçãs. A progressão faz-se numa cadência rápida, não há, para já, registo de subidas ou descidas de grande amplitude. Estas estão reservadas lá mais para a frente.
Rapidamente flectimos para a direita e entramos em zonas de arruamentos misturados com caminhos, junto a um ribeiro onde nos aparece uma ponte onde só pode ser passada atleta a atleta. O ponte em madeira já não é nova e por percaução, é transporta desta forma. Não há stress, e os atletas, avisados pela organização, cumprem à risca a ordem.
Vamos em direcção a Colares, o 1.º abastecimento está à vista. Só bebidas. Estamos no km 8,e 54 min de prova. Optei por não parar. Eu e mais os companheiros com quem ia.
Embrenhamos-nos pela serra de Sintra, em direcção a Galamares. Lá vai surgindo uma ou outra subida já digna de registo, mas ainda sem cansar muito o músculo. A progressão ainda é efectuada de uma forma firme e sem grandes problemas. Neste percurso até à chegada do 2.º abastecimento, somos confrontados por trilhos, por onde nunca tinha passado e que de alguma forma, bonitos na sua beleza, mas que tem que ser transpostos com algum cuidado, pois os terrenos que andamos a pisar não estão no melhor estado. Inclusivé num dos sítios havia uma corda para auxiliar a transposição. Nas chuvadas do inicio do ano esta zona também foi bastante fustigada e os terrenos já não tem a sustentabilidade de outros tempos. Passou-se sem problemas, mas com certeza que houve que não passasse com tanto à vontade. Chegados ao 2.º abastecimento. Estamos com cerca de 17,5 km e 2h.12min. A partir daqui a prova começa a ser outra. Não queria dizer pior, mas começa a dureza. Começamos por sair do abastecimento numa súbida por um trilho empedrado que depois passa por alcatrão. Iremos sempre em alcatrão e a subir até ao Palácio da Regaleira. Espectacular o Palácio e temos direito a entrada e a percorrer os caminhos do Palácio e os túneis que por lá existem. Merece uma visita mais demorada. A realizar com certeza noutra altura.
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Saímos do Palácio pelo alcatrão, para entrarmos em trilho e numa subida que para além técnica, com muitos degraus naturais e alguma vegetação a dificultar a progressão e com uma já considerável inclinação. Já por aqui tínhamos passado em treino uma vez. Existem aqui umas rochas onde é efectuada escalada. Estamos nas imediações do Castelo dos Mouros. Já se nota as subidas nas pernas. O Companheiro João Figueiredo, já leva uma distância que não nos permite alcançar de vista, o resto do grupo mantêm-se coeso e em boa progressão. Depois de chegados à entrada do Castelo dos Mouros, flectimos para a esquerda e iniciamos uma nova subida em direcção a Sta. Eufémia. Do mal o menos a subida não é tão prolongada como a anterior, mas tem uma inclinação considerável.
Chegados a Sta. Eufémia, iniciamos uma descida em direcção à Lagoa Azul, onde se encontra o 3.º abastecimento. A descida é efectuada a boa velocidade e para além do grupo de 4 elementos do Clube Milleniumbcp, que se encontra coeso, ainda se juntam mais uns quantos atletas. Estamos em “casa”. Eu e o Helder Baptista, conhecemos estes trilhos, quase, como se costuma dizer, a palma das mãos. E rapidamente alcançamos o 3.º abastecimento. Estamos com cerca de 29,5 km e 4h.14min..

Já se vem a notar a dureza da prova. E eu e o Helder, sabemos bem o que ainda temos pela frente. Não há que desanimar é seguir em frente.
Da Lagoa Azul vamos em direcção à Barragem do Rio da Mula. Esta distância é efectuada quase toda em estradões a grande maioria do nosso conhecimento e também por um ou outro trilho pouco técnico por onde também costumamos treinar. Só tem uma diferença, é que quando treinamos nestes estradões/trilhos acabamos de sair dos carros e estamos a iniciar o treino. Aqui, já levamos mais de 30 km percorridos. Isto só para dizer que nos sítios em que nos treinos vamos em passo de corrida, aqui já o fazemos a andar…
Chegados ao 4.º abastecimento, estamos com cerca de quase 33 km e 4h.44min. de prova. Abastecimento, tal como no anterior, só líquidos.
Continuamos em terrenos conhecidos. Saímos em direcção ao Monge. E aqui nem nos enganamos em termos de trilhos. São todos conhecidos e todos eles técnicos. Entramos no trilho denominado do “trilho das pontes”, assim designado por ter ao longo do percurso várias pontes feitas em madeira.
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Pontes estas e trilhos estes, muito utilizados e mantidos, à que dizê-lo, pela malta do Downhill, do qual o Helder também é fã e grande atleta!!. Subidas com inclinações grandes, trilhos com alguma dificuldade de progressão e pernas já com 30 e tal km de prova. Passagem pelo sítio onde estão plantados os ciprestes que assinalam aquele fatídico dia em que perderam a vida uns quantos bombeiros e militares que estavam a combater um fogo na serra de Sintra. E chegada ao que é conhecido por todos os atletas, querem sejam de Trails, quer sejam de bicicleta, quer sejam de caminhadas, como o Monge. Flectimos à esquerda e já vamos em direcção ao cabo da Roca, ou por outra, na vertente que nos há-de levar ao cabo da Roca.
Para o Rui Veloso é o 1.º trail. E para 1.º trail não se está a portar mal, antes pelo contrário, está com bom ritmo e sempre na frente a puxar a malta. Estávamos na expectatva de quando iria ceder, mas o rapaz é rijo e foi até ao fim sem ceder.
Chegámos ao 5.º abastecimento, já só faltam 2. Estamos com quase 37 kms e com 5h.30min. de prova. Bom abastecimento. Sólidos e líquidos. A melancia e as laranjas caem que nem “ginjas”. Os frutos secos e a coca-cola complementam o restante abastecimento, onde como é lógico também há água, bananas, marmelada, etc..
Aqui, eu e o Eduardo Rodrigues atrasamos-nos, pois ficamos a retirar pedras dos ténis. O Helder Baptista e o Rui Veloso, foram andando na expectativa de os apanharmos. Só que eu e o Eduardo quando saímos não vimos as marcações do percurso e seguimos em frente. Tal como o organizador tinha frisado, se não virem marcações ao fim de 100/200m voltem para trás que não estão no trilho. E como de facto, passados uns minutos aparecem uns atletas que já tinham descido o trilho onde estávamos, todo, tinham chegado a uma estrada de alcatrão e marcações não havia. No meio disto poupamos-nos à descida e à consequente subida no trilho errado. Ficámos mesmo no início. Voltamos para trás e lá demos com as fitas a indicar o trilho. Trilho este que nos havia de levar a um sítio denominado “Pedras Irmãs”. Trata-se de um aglomerado de pedras todas elas com configuração arredondada e sobrepostas umas nas outras.

Eu já as conhecia, convenci-me de que este ano não íamos lá. Puro engano. Grande dificuldade para ultrapassar este obstáculo natural. Tanto mais que as pedras estavam escorregadias e os intervalos entre elas por vezes metem respeito.
Ultrapassado o obstáculo das “Pedras Irmãs”, agora sim seguimos em direcção ao Cabo da Roca, passando pelo parque de merendas da Peninha, entrando em trilhos, alguns conhecidos, outros a serem feitos pela 1.ª vez. Deixámos de ver o Helder e o Rui Veloso. No caminho para a Roca, passamos um atleta que não indo em dificuldades, optou por um ritmo mais lento. Perguntamos pelos os atletas do Clube Millenniumbcp ao que ele retorquiu que iam aí uns 2/3 min. à nossa frente. Toca a correr com mais vigor, até porque o terreno o permite, na tentativa dos alcançar.
O Cabo da Roca já se avista, continuamos com um bom ritmo de corrida até porque vamos em estradões, mas passados uns 2 ou 3 km, entramos num trilho técnico a descer. Avistamos o Helder Baptista. Chamo-mo-lo, quando se apercebeu de que eramos nós, esperou. Continuamos a descer quase até ao nível do mar. Fomos quase à praia da Assentiz.
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Atravessamos a linha de água e começamos a fazer uma subida, ainda em trilho, com um grau de inclinação considerável e com uma ou outra parte mais técnica. O cansaço faz-se notar. A progressão é mais lenta.

Vencida esta subida, logo iniciamos outra descida, bastante técnica. O trilho, tem de tudo, rochas, pedras soltas, vegetação e bastante inclinação. A descida acabava numa outra linha de água que tinha que ser ultrapassada, coisa que efectuamos sem grande dificuldade. Ora quando há uma descida, há a consequente subida, e que subida!!. Grande desnível, dificuldade técnica elevada e lá vamos subindo, com mais ou menos dificuldade, até atingirmos o Cabo da Roca. Aqui e bem, até porque já a vinham a prometer a algum tempo e uma vez que a organização não disponibilizou, o Helder e o Eduardo tinham “prometido” que iam beber uma cerveja. Se bem o disseram, melhor o fizeram!!. Assim que alcançamos o alcatrão do Cabo da Roca, lá fomos os 3 em direcção ao café onde foi bebida a cerveja. E que bem que soube!!, fresca!!, mesmo a calhar. O calor vinha a apertar um bocado e para atenuarmos o calor fizemos esta paragem extra. Os rapazes Helder e Eduardo, tem este hábito salutar de parar para beber uma cerveja, quando a organização da prova não a disponibiliza. Há que manter este hábito a todo o custo!!
Chegámos ao abastecimento 6. Estamos com quase 45,5 kms e cerca de 7h.15min.. Neste abastecimento havia alguém da organização, que conhecia o Helder Baptista. Claro que quando chegámos para além da “festa” feita ao Helder, aperceberam-se logo, quais tinham sido os atletas que fizeram o desvio para o café J. Este Helder começa a ser um caso sério nos trails. Para além dos conhecidos nas organizações, ainda tem o condão de ir fazendo amizade pelas provas que passa. Um verdadeiro atleta!!. Se já levávamos um ligeiro atraso em relação ao Rui Veloso, o que dizer agora com a paragem “técnica”…
Saída em trilho em direcção à praia da Ursa. Trilho esse efectuado sempre na arriba e ora em estradão, ora em trilho propriamente dito. Chegamos a uma descida, forte, em direcção à tal Praia da Ursa.
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Somos acompanhados por turistas ingleses durante a descida. Se a paisagem atrás era fantástica, agora é de cortar a respiração!!. Chegados à linha de água que vai em direcção à praia da Ursa, estamos outra vez quase ao nível do mar, iniciamos uma nova subida. Mais uma daquelas com forte inclinação e bastante técnica. Os bastões aqui davam jeito. Mas por opção não os trouxe. Os meus Companheiros de aventura, vinham os 2 munidos com tal apetrecho. Depois de andarmos uns metros em linha recta, surge mais uma descida, também ela técnica e com alguns obstáculos (rochas) para serem transpostos. Todo o cuidado é pouco. Mesmo a descer a progressão é lenta. Nova subida, e como não podia deixar de ser, técnica!!. Mas aqui também não podemos esperar outra coisa, estamos nas arribas ao redor do Cabo da Roca.
Depois da subida, vamos andar em linha recta durante 1km e pouco, cruzamos-nos com alguns pescadores que do alto da falésia, matam o tempo à pesca. Passamos por uma “garganta” mais profunda que a “Boca do Inferno” em Cascais. Mete respeito. Já vamos em direcção à Praia da Adraga onde se encontra o 7.º e último abastecimento.

Chegados ao último abastecimento , este era só de água, quase na Praia a da Adraga. Estamos com 49 kms e 8h.24min. de prova, já falta pouco a prova está feita!!, mas para que tal aconteça, ainda temos que fazer uma subida em areia e ainda vamos ter que vencer um trilho nas arribas entre a Praia da Adraga e a Praia Grande e alguma vegetação mais densa. Já se começam a ver casas a progressão é feita pelos estradões que dão acesso a estas casas, vamos em descida à praia, aqui, já pelas ruas da Praia Grande. Já se vê o portal da chegada. Este situa-se no areal da praia, ainda temos que fazer cerca de 500m na areia para cortarmos a meta.
Mais uma prova concluída com sucesso!!
Os meus agradecimentos aos meus dois camaradas de aventura, o Eduardo Rodrigues e o Hélder Baptista. Sem a sua companhia a prova com certeza teria sido mais difícil e mais monótona.
Uma palavra de incentivo e de parabéns pela prova que realizou o António Rui Veloso, pela excelente prestação neste seu primeiro ultra-trail. Agora é continuar!!
As classificações dos Atletas do Clube Millenniumbcp na prova do K50, foras as seguintes:
Pos. Dorsal Nome Clube Tempo
33.          4        António Rui Veloso     ClubeMillenniumBCP   8:31:00
39.          81      Jorge Lanzinha  ClubeMillenniumBCP    8:45:00
39.          20      Hélder Manuel Baptista  ClubeMillenniumBCP    8:45:00
39.          13      Eduardo Rodrigues         ClubeMillenniumBCP    8:45:00
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