segunda-feira, 29 de abril de 2013

Ultra-trail de Sesimbra 2013

Mais um Ultra-Trail que se realizou no passado dia 14 de Maio de 2013 e mais uma vez o Clube Millenniumbcp fez-se representar com diversos atletas. A par do Ultra-Trail também havia um Trail. As distâncias eram as seguintes:
- Ultra-Trail – 50 km
- Trail – 20 km
Mas vamos ao relato da prova que realizei (Jorge Lanzinha), o Ultra-Trail.
Quando o despertador tocou, nem queria acreditar. É mentira!! Já são 5h. da manhã?. Se há uns anos atrás me dissessem, ou me convidassem, para correr 50 km e que teria que me levantar às 5h. da manhã para o fazer, dizia-lhes que estavam malucos!!!. O que é facto e verdade é que quando o despertador tocou eram mesmo 5h. da manhã!! E lá tive que me levantar. Depois de tomado o peq. almoço, sim que isto de ir para estas provas sem peq. almoço não pode ser. Quem não é para comer, não é para correr!!
Lá fui ter com o Manuel Pereira às Amoreiras, às 6h. da manhã. Sítio onde tínhamos combinado encontrarmo-nos para seguir para Sesimbra.
Chegados a Sesimbra ainda de noite, mas já com o sol a espreguiçar-se, já era grande a azáfama de atletas pelas ruas de Sesimbra, junto à partida. Levantamento de dorsais, últimos preparativos e lá fomos para a partida.
Na partida já se perfilavam os atletas para saída. Aqui encontramos mais atletas do Clube Millenniumbcp, nomeadamente o Miguel Cruz, José Farinha e o Hélder Baptista.
A minha expectativa para esta prova era grande. 1.º, porque tinha feito no domingo anterior a maratona de Almourol e não sabia se já teria recuperado dos 42 km e das 5.30h que lá andei, apesar de durante a semana os treinos terem corrido bem e não ter qualquer mazela nas pernas. 2.º, nunca tinha feito duas provas em fins de semana seguidos. Era uma novidade para mim, mas nem por isso esmoreci e lá fui com ganas de fazer e acabar a prova.
A partida para o Ultra-Trail foi dada às 7h., bom tempo o sol aqui já estava bem “acordado” e lá fomos pela marginal de Sesimbra em direcção a Norte. Todos os atletas ainda a correrem muito compactos, mas seria por pouco tempo.
Depois do porto de abrigo, junto da lota de Sesimbra, iniciamos uma subida em estradão, já feita, pelo menos para nós, em passo acelerado. Corrida a “picar” é para os prós e se fizesse-mos isso, estaríamos a “queimar” o músculo que depois iremos precisar mais à frente.
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1.º abastecimento. Só água.
De seguida iniciamos descida a pique em trilho com muita pedra solta, até quase à praia paradisíaca do Cavalo. Esta praia parece tirada aí de um qualquer postal das Caraíbas.
Ora como tudo o que desce, também sobe, o que não deixa de ser verdade, lá iniciamos a subida, também ela em trilho. Ninguém passa ninguém, pelo menos no grupo onde vamos inseridos. A passada é lenta e progressiva. Atletas menos habituados a este tipo de subidas abruptas vão com uma respiração ofegante. Chegados ao topo da subida e olhando para trás a paisagem é fabulosa!!. Até parece que não estamos em Portugal, mas estamos, é nosso!!. Estamos com cerca de 4,5 km e 38m.
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Deixamos a zona técnica e entramos numa zona de estradão, onde dá para progredir com mais velocidade, ou seja, dá para correr. Seguimos ao longo de cerca de 2 km neste estradão onde se dá a divisão entra as 2 provas. Quem vai para o Ultra-Trail, vira à esquerda, quem vai para o Trail segue em frente. Ainda olhei duas vezes para as marcas no chão que indicavam os 20 km J, mas lá segui par os 50 km…
Rapidamente entramos num trilho a descer em piso de terra alternando de quando em quando com pedra solta. Início de subida, não muito íngreme sempre em trilho. Nesta fase vamos alternando entre subidas, descidas e rectas sempre em trilho. Boa progressão, nomeadamente nas descidas e rectas, já que as subidas por norma fazemo-las a andar. O Grupo do Clube Millenniumbcp está coeso e seguem todos os 5 atletas juntos. Boa disposição impera, não estivesse o Hélder Baptista no Grupo, ajudado pelos outros elementos. Efectivamente somos um Grupo de referência!!, quer pela boa disposição quer pela camaradagem!!
Chegamos ao 2.º abastecimento, estamos com quase 9.5 km e 1.24h. Abastecimento com líquidos e sólidos. Se bem que os sólidos são muito poucos, ou então os atletas que vão à frente não tomaram o peq. almoço e aproveitaram para o fazer aqui.
Depois do abastecimento, início de descida algo complicada e técnica, com muita pedra solta, arbustos e declives acentuados. As quedas vão acontecendo. Seguem duas atletas connosco que literalmente descem agachadas, a fim de baixarem o centro de gravidade e assim não ser tão perigosa a descida. Claro, depois desta descida lá vem uma subida daquelas em que a progressão por vezes tem que ser feita com a ajuda das mãos. A vista contínua fantástica. Andamos nas arribas sempre com o mar ao nosso lado esquerdo. Nota-se o treino dos atletas do clube Millennkumbcp nas subidas, onde conseguimos passar atletas que não tem este treino específico. Por outro lado tem um senão este tipo de treino, somos mais lentos em recta, já que nas descida se não for técnica, todos os santos ajudam.
Passamos perto de Casais da Azóia, e mais uma vez iniciamos descida, não muito acentuada, em estradão, que irá passar a trilho rapidamente e que nos levará a uma construção em ruínas (Bateria ….). Aqui vamos andar em trilho a direito, mas durante pouco tempo. As subidas esperam-nos e lá iniciamos mais uma série delas, quase sempre em estradão. E, assim, chegamos ao topo onde se avista o farol do Cabo Espichel. É neste estradão que vamos andar, diga-se correr, com passagem num ou noutro trilho pequeno, para chegarmos ao 3.º abastecimento. Precisamente ao lado do farol. Não há palavras a paisagem continua espectacular!!. Já lá vão 16.75 km e 2.24h.
Após o abastecimento, vamos em direcção ao Meco, sempre pelas Arribas, a progressão para já é feita num misto de estradões, a maior parte, e trilhos. Alguns com progressão mais rápida outros com progressão lenta. Continua um tempo porreiro. Há sol, algum vento vindo do mar para ajudar a arrefecer. Pelo meio deste troço, reparei num atleta a por protector no corpo. Não está a pensar mal, antes pelo contrário.
Os km já se começam a fazer sentir nas pernas, pelo menos para mim, mas ainda dá para imprimir velocidade em rectas e descidas, já que como foi dito atrás, por opção, nas subidas vamos a passo.
Chegada ao 4.º abastecimento instalado numa praia da qual agora não recordo o nome. Estamos 3h de prova e 21 km percorridos, ainda nem a meio da prova vamos. Faz-se sentir o sol. Comida e líquidos. Saída, agora sim, em direcção ao Meco. Já sabíamos que não iriamos passar pela praia como nas edições anteriores. Não sei se foi de propósito, ou não, mas ao longo deste trajecto havia elementos da protecção civil, que penso estariam encarregues de não deixar passar para a praia algum atleta que fosse distraído. A progressão da distância da praia do Meco é feita na arriba. Não sei se não era melhor fazer a progressão pela praia, tal a dificuldade do terreno. Areia muito fina e mole, com curvas e contra-curvas. Ora a subir, ora a descer. Passo o exagero um autêntico calvário. A chegada à praia do Meco é feita por uma duna a descer com uma razoável inclinação. Atrás de mim vem atletas a curtir a descida aos gritos!!. Nesta fase vou sozinho. O José Farinha ia mais à frente seguido do Manuel Pereira e do Miguel Cruz, atrás de mim vem o Hélder Baptista. O restaurante da praia do Meco está quase cheio e o cheiro a peixe dos grelhados convida e muito a entrar, mas há que prosseguir. O Hélder entrou mesmo !!!.
A partir daqui a prova deixa de ter aquele encanto de virmos junto ao mar e passamos a andar no interior em estradões com piso em areia e com pinhais e eucaliptais. A determinada altura tive que parar e tirar a areia dos ténis. Já não dava para andar mais com aquela areia toda nos pés. E que bem soube até parecia que tinha acabado de calçar os ténis. Aqui passam por mim vários atletas. Como disse a progressão é feita em estradões de areia, vou passando um atleta aqui, outro ali, vão com cara de poucos amigos. Um ou outro com lesão, nada de grave e um no meio do mato já com os ténis na mão a andar só com as meias calçadas….
Chegada ao 5.º abastecimento. Estamos com 4.54h e cerca de 33 km. O Manuel Pereira está à minha espera. O Miguel e o Farinha, nunca mais os vi a partir deste abastecimento. Estão com outro andamento e fazem bem em seguir no ritmo deles. O Manel, já lá está há uns minutos à minha espera. Abastecemos com água e com isostar, bebemos 2 copos de coca-cola. Comemos uns quantos quartos de laranja. A laranja está a saber bem, é doce e sumarenta, 2 pedaços de banana mais umas batatas fritas e toca a andar. O Manel está com um andamento bom e percebo que o estou a atrasar. Digo-lhe para se ir embora mas ele insiste em ficar. O Miguel Cruz e o José Farinha já vão mais à frente o Hélder Baptista vem atrás de nós. A progressão continua em estradões e lá vamos progredindo, ora a correr, ora a andar. O Manel, tenho a certeza nesta parte tinha feito tudo a correr. Às páginas tantas começo a ouvir a voz do Hélder e lá vinha ele no seu passo sempre bem disposto e a conversar com os outros atletas. Reagrupamos novamente, aqui só os três. O sol não dá tréguas. Alguns atletas com cambras e em dificuldades. Acho que se vão lembrar da prova durante uns tempos.
Chegada ao 6.º abastecimento. Estamos com quase 39 km e 5.42h. Já deu para perceber que o tempo que tinha estipulado (6h.30m) para realizar a prova vai ser largamente ultrapassado, conforme se veio a verificar. Mais uma vez o Manel estava à espera. Aqui já não era só da minha pessoa. O Hélder já há algum tempo que vinha na minha companhia e eu na dele. Já nos lamentávamos um ao outro. O abastecimento foi rápido. Já cheira a Sesimbra mas ainda faltam 11 km, isto nas contas da organização, porque não sei porquê nem porque não, mas nos relógios da rapaziada dá sempre mais quilometragem, como de facto aconteceu. O Manel arranca, mas eu e o Hélder já não temos pernas para o acompanhar. Vamo-lo vendo a espaços, vai em boa progressão. Se estiver tão farto da prova como nós só quer é acabar o mais rápido possível. Continuamos em estradões, agora já com muita pedra solta e muita rocha cravada na terra. Estes trilhos levam-nos a uma pedreira. Até parece que estamos num lugar inóspito sem qualquer tipo de beleza. O que vale é que se olharmos para a direita vê-se o mar. Dá para atenuar. Segue-se uma subida forte, mas curta e no cimo desta, um abastecimento que não estava programado. Mais uma vez soube bem a laranja e a coca-cola. Estamos com 6.39h e cerca de 44 km. O Manel Pereira e bem, já não esperou, também já só quer acabar a prova o mais rápido possível. Já se avista o Castelo de Sesimbra, mas para lá chegarmos ainda vamos andar em zona de trilhos e estradões e passar por zona de vivendas, que nos irá levar à subida de alcatrão para o Castelo. Eu e o meu camarada (Hélder) já só pensamos no final da prova. Lá vou dando indicações ao Hélder do que ainda falta para acabarmos a prova. O Hélder à algum tempo que se vem a queixar de uma dor que trás na canela, mas não esmorece e quando lhe digo vamos picar um bocado lá arranca e lá corremos por mais um bocado. A chegado ao Castelo é acompanhada com uma alegria enorme por parte de um atleta também ele um participante nestas provas, mas que desta vez está do lado da organização. Tinha feito o UTAX na Lousã com o Hélder. O moço não cabia de contente ao ver o Hélder, e informando-o de que estava uma cerveja preta à espera dele no último posto de abastecimento, precisamente dentro do Castelo.
No Castelo estamos com 7.18h e cerca de 49 km. Agora é só mesmo a descida para Sesimbra que é feita no início por um trilho em pedra e que depois passa para um trilho de terra, numa pista de “Downill”. O Hélder a recordar outros andamentos noutro tipo de veículo que não seja só as pernas. Na descida ainda passamos uns atletas que vão em dificuldades, já só andam, não conseguem correr. Perguntamos se está tudo bem, dentro das mazelas que trazem, ao que eles respondem que sim e seguimos. Chegamos ao alcatrão e digo ao Hélder, agora é sempre a correr até à meta. E assim foi. Mesmo com a dificuldade que trazia conseguimos manter um ritmo que nos proporcionou uma chegada em beleza.
Pelo relógio do Manel a distância deu 51.8 km.
Parabéns a todos os atletas do Clube Millenniumbcp, quer os que realizaram o Ultra-Trail, quer os que realizaram o Trail!!
As classificações foram as seguintes:
Ultra-Trail
124 - Miguel Cruz – 7h.10m.21s
125 – José farinha - 7h.10m.23s
148 – Manuel Pereira - 7h.38m.00s
160 – Jorge Lanzinha - 7h.49m.24s
161 – Hélder Baptista - 7h.49m.26s
Trail
95 – Carlos Costa - 2h.29m.30s
115 – Paulo caetano - 7h.39m.32s
116 – Paulo Pereira - 2h.40m.44s
117 – Vasco Nunes - 2h.40m.45s
125 – Jorge Soares - 2h.44m.47s
153 – António Seixas - 2h.56m.14s
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