domingo, 1 de junho de 2014

Trail da Serra de Montejunto - 2013

Este foi o primeiro trail em que fui realmente integrado na equipa do clube – principal objetivo, aprender com este pessoal que, entre treinos e provas, têm já uns milhares de quilómetros nas pernas. Venham lá esses 44kms do Trail da Serra de Montejunto!
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Encontrei-me com o Miguel Cruz, António Veloso e o Fernando Alcides às 6.45, em Lisboa e rumámos para a vila de Vilar (concelho do Cadaval). Viagem tranquila. A partida seria pelas 9.00. Ao chegarmos perto da saída da autoestrada, geada, portanto, temperaturas a rondar os zero graus naquela zona. Mas um belo dia de sol e sem muito vento.
Vilar é uma pequena de localidade no sopé de Montejunto, pelo que ao chegarmos ao sítio da partida e secretariado (junto ao pavilhão gimnodesportivo) temos uma visão das Antenas no cimo da serra, mais tarde iríamos lá passar.
Depois de levantados os dorsais pelo Alcides, e as t-shirts por cada um de nós individualmente, foi tempo de ultimar o equipamento para a prova – dorsais, géis, barras, líquidos, etc… Entretanto foram chegando os restantes elementos do grupo. Muito bom ambiente! Seríamos certamente, entre os atletas das duas provas e da caminhada, das maiores delegações que lá estavam.
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A prova:
Os primeiros quilómetros da prova são basicamente correr por estradões de terra batida e alcatrão, com uma ou outra subida mais desnivelada, e sempre a ganhar altitude; a maior dificuldade acaba por ser o vento em certos pontos do trilho. Bom para os roladores, menos interessante para quem gosta de partes mais técnicas, como é o meu caso, mas também faz parte da prova. Acabamos por ir apreciando a paisagem.
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A Serra Montejunto, é um morro despido de árvores (embora se consiga ver alguns pinheiros a nascer) que se eleva até aos 666 metros. Nesta prova subimos primeiro um dos morros “gémeos” que nos eleva pela primeira vez acima dos 600 metros - é uma subida não muito técnica – com alguma rocha - e com algum desnível, que se faz bem mas já desgasta um pouco; depois descemos pela encosta sem trilho definido - tínhamos pontos de tinta biodegradável cor de laranja para nos orientarmos e cada um descia pela encosta por onde parecia melhor, seguindo aquela linha. De seguida subimos à serra propriamente dita, para passarmos junto às antenas; é uma subida com desnível acentuado mas acessível, sem grande dificuldade técnica. É força nas pernas e subir – para mim foi um queimar em excesso de músculo, queria experimentar os bastões e subi sempre em ritmo acelerado, mesmo sabendo que mais à frente iria pagar a fatura, também se aprende assim. A paisagem lá em cima é fantástica. Consegue-se ver o mar ao longe e como estava céu limpo conseguíamos ver as Berlengas. A descida é feita numa fase inicial por alcatrão (tal como a parte final da subida) até atingirmos um single track empedrado, com vegetação nalguns pontos alta e densa, esta foi para mim a parte mais difícil e onde acabei por perder algum tempo; dores nos tornozelos e falta de confiança.
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A divisão das provas (sensivelmente ao km 14) serviu para mostrar a debilidade da organização. Eu vou centrar-me na distância mais longa. Perto da separação das provas encontro um abastecimento de líquidos que eu não tinha assinalado (não achei mal, não é a primeira vez que acontece e pareceu-me normal), não parei; vinha com água e tinha, segundo a informação da organização, um outro abastecimento entre 2 a 3 kms mais à frente, com sólidos e líquidos. Ainda não tinha percorrido 1 km e encontro um atleta a vir em sentido contrário – de referir que os dorsais eram todos da mesma cor, portanto não conseguíamos identificar quem pertencia a que prova, e como tínhamos partido todos à mesma hora…-, perguntei o que se passava e a resposta foi que estava tudo mal marcado na prova dos 22, mas que para os 44 estava tudo certo…pois. Continuei e realmente não tive muita dificuldade em orientar-me durante a prova – tivemos sempre a tinta cor de laranja, e em alguns pontos fita amarela; bem, chegámos a um ponto onde estava esta sinalização “X <- ERRO X X X”, pois, nem tudo é fácil – mas abastecimentos a sério, nem vê-los.
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O primeiro abastecimento, pelo menos o que mais se assemelhou a isso, foi apenas ao km 24; até lá, e por ser uma prova muito rolante, acaba por não haver muito por contar – correr, subir e descer sem grande dificuldade técnica -, o que torna um ataque de abelhas o mais “emocionante” (a mim uma ficou espetada no buff que levava na cabeça e não me chegou a picar, outros que passaram lá naquele sítio não tiveram tanta sorte…). Um pouco antes do abastecimento passou por mim o Miguel Cruz, que acompanhei durante algum tempo e que me foi dando algumas dicas, principalmente, “rolar em vez de andar”…fica o registo na cabeça, agora falta passar no futuro à parte locomotora e treinar. Quando cheguei ao abastecimento vi algumas coisas que demonstram a pouca organização que havia na prova; atletas que desistiram e não conseguiam contactar a organização; atletas que apareciam de caminhos “alternativos” depois de terem andado perdidos durante vários kms, o que levou inclusive ao corte de parte do percurso. São situações que não deixam qualquer saudade.
A 2.ª parte. Após o dito abastecimento, segui algum tempo sozinho, até que ganhei a companhia do Fernando Alcides, do Pedro Neves, do Manuel Pereira e mais tarde do Hélder Baptista - acabamos por ir juntos até ao fim…ou quase. Nesta “segunda” parte da prova começamos por ganhar novamente altitude e novamente por mato, voltamos novamente até perto dos 600 metros de altitude, mais uma vez uma subida com algum desnível mas que se faz bem, mais uma vez, também, pouco técnica e à base de força na perna. Depois, mais estradões com vários tipos de piso entre os quais gravilha, e mais alcatrão. Acabamos por ir fazendo quilómetros a apreciar o terreno e as paisagens que nos envolvem e abraçam, o trail também é isto: mais do que correr na natureza, é fazermos parte da natureza.
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Voodoo e bruxaria? E final! É impossível fazer quilómetros atrás de quilómetros sem haver situações de “no sense”. Faz parte. A nossa aconteceu já perto do final, numa das últimas subidas: um atleta passou por nós a correr mas em grande esforço, um dos nossos atletas, bastante conhecido…pronto, o Alcides, disse-lhe qualquer coisa como isto “ó amigo, faz-lhe melhor ir a andar do que ir a correr dessa maneira”, um segundo depois o outro companheiro de prova estava agarrado à perna…há quem diga que foi voodoo, ou bruxaria…eu acredito em coincidências. Até ao fim apenas o registo de três “Clube Millenniumbcp” que se eclipsaram…num moinho…foram vistos com um objecto verde na mão a restabelecerem-se e a conviver com as gentes da terra. Também faz parte. Acabaram por chegar ao fim. Para mim acabou mais uma aula, com mais experiência acumulada, em que me diverti bastante em excelente companhia (houve mais atletas do Clube a passarem por mim durante a prova mas ainda não os consigo identificar a todos pelo nome, na próxima prova espero já fazê-lo).
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As classificações dos 44km (que foram encurtados para 39,5 km por falhas…vá, dificuldades de marcação):
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Em suma, esta é uma prova que está numa região com algum potencial para provas de trail running, bem localizada geograficamente e que, trabalhada por uma organização empenhada, tem potencial para ter bons trilhos. Nesta edição tal não aconteceu, houve muita desorganização e falta de cuidado. Quem participa nestas provas sabe ao que vai e deve de ir preparado (comida e hidratação extra no mínimo); não são provas fáceis e não deixam de ser perigosas, são muitos quilómetros a progredir por terrenos difíceis, por vezes sozinho, e em qualquer momento pode acontecer alguma coisa; a organização não ultrapassa os obstáculos por nós, mas dá-nos algum conforto e segurança quando andamos em prova sabermos que se necessitarmos de apoio ele está lá. Desta prova podemos tirar uma lição, ir sempre preparados para o imprevisto, mesmo que isso signifique mais umas gramas na mochila.
Uma palavra para o Sandro Jordão e para o Jorge Lanzinha, que terminaram a prova com algumas mazelas. Uma recuperação rápida.
Os meus parabéns a todos pelas provas que realizaram, em especial ao Manuel Rodrigues que conseguiu um excelente 3º lugar no escalão.
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A todos um forte abraço! Bons treinos e até à próxima!
Pedro Cordas
Mais fotos e vídeos aqui:
https://picasaweb.google.com/112783433689578180526/TrailDeMontejunto1DeDezembroDe2013?authuser=0&authkey=Gv1sRgCPb4tvXAypDHXQ&feat=directlink
https://plus.google.com/photos/109215449995288364783/albums/5952875505309389521
http://www.youtube.com/watch?v=jG7RfK2AWT8&feature=em-upload_owner
http://www.youtube.com/watch?v=-nUz7EHJR0E

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