Já me tinha esquecido da dificuldade desta prova!
Realizou-se em Miranda do Corvo no passado dia 25 de janeiro mais uma edição dos Trilhos dos Abutres. O clube esteve representado com 12 atletas na ultra dos 47Km (2.300 metros desnível +) e 6 nos atletas nos 23Km (1.300 metros +). Para quem não conhece este Trail o grau de dificuldade é elevado e tem um número grande de desistências, por isso dou os meus parabéns aos atletas do clube onde todos terminaram a prova com distinção.
Este ano registou-se uma enorme participação, as inscrições esgotaram rapidamente e percebe-se porquê. Os trilhos por onde passa são de uma beleza extraordinária e vemos um pouco de tudo, rios, riachos, quedas de água enormes, trilhos de montanha impossíveis de imaginar no nosso território, animais em vias de extinção no parque biológico, mas vemos sobretudo uma grande capacidade dos atletas em superarem os seus limites.
Relato da prova da Ultra
O percurso da ultra dos 47K teve início às 08H00 com partida do centro de Miranda do Corvo. Podemos dividir esta prova em duas partes, a primeira secção até ao abastecimento principal na Sra. Piedade, ao Km 25 e parte restante até ao regresso de Miranda do Corvo.
A 1ª parte
Depois de sairmos de Miranda do Corvo, sensivelmente a 3 Km entramos no parque Biológico da Serra da Lousã e aqui por momentos parece que estamos numa expedição para um documentário da vida selvagem. Se há animal que sempre me fascinou mas nunca o tinha visto é o “lince ibérico”, então não é que ele estava à nossa espera sossegadinho a ver aquela agitação dos atletas a correrem que nem uns doidos? Fantástico, ainda vimos raposas, lobos ibéricos a guardar as ovelhas…! e mais uma série de outras espécies.
Regressando à prova até chegar ao primeiro abastecimento em Vila Nova passamos por uma zona onde no ano anterior tínhamos que correr com lama até aos joelhos, felizmente isso não aconteceu o que facilitou a passagem nesta secção, havia sim muitos percursos de lama mas era gerível.
A partir do segundo abastecimento em Mestrinhas começa o primeiro empeno, passamos dos 300 até aos 800 metros de altitude, aqui a ajuda dos bastões foi importante para poupar as pernas.
Andamos aproximadamente 10 Km nas quotas mais altas a ouvir as eólicas com bastante nevoeiro e algum frio por sinal mas até ajudou a despachar-me nesta secção.
A organização presenteou-nos na Sra. Piedade no Km 20 com um bom abastecimento onde tínhamos sopa bem quente às descrição, e que bem que soube, eu comi duas. Aqui era importante restabelecer os níveis de sais minerais que perdemos porque o que nos esperava a seguir não era nada fácil.
A 2ª parte
Após o abastecimento da Sra. Piedade ainda temos uma descida bem acidentada de “singles track” (aqui parecia que estávamos numa floresta Africana com tantas quedas de agua e vegetação intensa) até passarmos a uma subida técnica onde temos que nos agarrar às rochas através de correntes. Ultrapassada esta zona descemos um pouco para voltar a subir agora em direção ao ponto mais alto da prova onde passamos dos 445 metros para os 910 metros de altitude atingidos no Km 31, aqui o nevoeiro era intenso e não deu para apreciar as vistas, o vento forte e o frio empurraram-nos obrigatoriamente a caminhar rapidamente para a descida.
Nesta descida para o contentamento de muitos atletas apanhamos uma pista de downhill onde rapidamente descemos quase 400 metros de altitude para depois passar por um longo single track até voltar a subir ligeiramente para a famosa Aldeia de Xisto de Gondramaz. Aqui temos mais um abastecimento numa Aldeia bem bonita onde aproveitámos para reforçar bem as mochilas pois até à meta ainda tínhamos mais de duas horas de percurso.
A saída de Gondramaz é sempre a descer com tendência para acelerar o ritmo mas acaba por se tornar perigoso, pois já tínhamos passado por muito e a frescura das pernas já não é a mesma. Vamos descendo até aos riachos onde temos novamente que passar de margem em margem através de pontes improvisadas com troncos de árvores, aqui muitos optaram por passar diretamente pela água devido ao perigo de escorregar na madeira que tinha alguma terra.
Passando por esta zona muito técnica chegamos a Espinho e temos o ultimo abastecimento, eu pessoalmente não parei porque tinha carregado bem os líquidos e sólidos em Gondramaz, continuei e aproveitei para imprimir um bom ritmo pois o percurso já o permitia.
Até entrar em Miranda do Corvo aproveitei para acompanhar ainda um conjunto de Espanhóis que não perdem esta prova todos os anos.
Chegados à vila ainda tínhamos a tradicional subida antes de entrar no pavilhão onde há sempre muita gente a aplaudir os atletas, que bom que é ver isto no Trail.
Foi a minha segunda participação nesta prova e depois de tantas outras que fiz ao longo de 2013 já me tinha esquecido da dureza dos Abutres mas a beleza das paisagens obrigam-nos a estar lá no próximo ano, imperdível.
A todos boas provas a aproveitem as nossas serras!
Classificações dos atletas do clube 46km
| Classificação | Nome | Escalão | Tempo | KM / Minutos |
| 58 | PEDRO NOGUEIRA DA SILVA | M45 | 06:38:10 | 08:28 |
| 229 | MANUEL JOAQUIM NEVES RODRIGUES | M45 | 08:03:06 | 10:17 |
| 289 | Hugo Alexandre Luz | M45 | 08:28:41 | 10:49 |
| 319 | JOSE LUIS BACEIRA FARINHA | SÉNIOR | 08:40:41 | 11:05 |
| 342 | Pedro Miguel Cordas | M40 | 08:49:25 | 11:16 |
| 365 | NUNO MANUEL DIAS ALMEIDA | M40 | 09:05:43 | 11:37 |
| 368 | MIGUEL ANTONIO REIS CRUZ | M40 | 09:08:48 | 11:41 |
| 369 | PEDRO NEVES | M45 | 09:08:48 | 11:41 |
| 370 | HELDER BAPTISTA | M45 | 09:08:48 | 11:41 |
| 371 | FERNANDO ALCIDES RODRIGUES | M45 | 09:08:48 | 11:41 |
| 413 | PAULO CAETANO | M45 | 09:40:20 | 12:21 |
| 447 | MANUEL PEREIRA | M50 | 10:05:59 | 12:54 |
Classificações dos atletas do clube 23km
| Classificação | Nome | Escalão | Tempo | KM / Minutos |
| 228 | PAULO PINTO | M45 | 04:42:53 | 12:18 |
| 276 | JOSÉ FARIA | M50 | 05:11:07 | 13:32 |
| 333 | VANDA ROSA | SÉNIOR F | 06:13:10 | 16:13 |
| 334 | MARIA CÉU SILVA | F 45 | 06:13:10 | 16:13 |
| 335 | OSCAR MARQUES | M 50 | 06:13:10 | 16:13 |
| 336 | LUIS PRAZERES | M50 | 06:13:10 | 16:13 |
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